quarta-feira, 4 de junho de 2014

Casados e marginalizados


O casamento do Antigo Testamento

tem o “placet” de Cristo


Já vi, pelos e-mails que chegam que a confusão reina sob o estado de graça de quem é casado na igreja e quem não é ou já foi.

É bom voltarmos às origens no Antigo Testamento e verificar se aquilo que os homens seguiam por tradição em relação ao casamento tem o aval, isto é, a concordância de Cristo.


I - FUNDAMENTOS BÍBLICOS


1.1  – LEI  CONSTITUCIONAL BÍBLICA


Em dez mandamentos Moisés resumiu os principais deveres do homem para com o próximo e para com Deus; em apenas três artigos a Tradição  resume no livro do Gênesis a constituição do casamento:

Art. 01 - “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gên. 2,18). Apresentando a mulher ao homem, Deus teve deste a resposta:  “Osso de meus ossos e a carne de minha carne”. (Gen. 2,23).

Art. 02 - “O homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher e formarem uma só carne” (Gen. 2,24)....

Art.03- “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a...” (Gen. 1,28).

Esta lei fundamental da constituição da FAMÍLIA é composta por três elementos essenciais:

1 – UM HOMEM E UMA MULHER. O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada”... E apresentou a mulher ao homem. (Gen. 2,18).

Deus amava tanto o homem que se preocupou até com a sua solidão. Podemos, portanto, concluir que a finalidade do casamento é a formação de uma comunidade primária formada por um homem e uma mulher, em que os dois se ajudem e se completem NO AMOR de tal forma que não mais se sintam sós ou abandonados.

2 – FUSÃO ENTRE OS DOIS. Não é um contrato meramente para evitar a solidão e, muito menos, para resolver problemas sexuais. A fusão só se dá com amor, para sempre, sob pena de, na separação, um carregar para sempre pedaços do outro.

O homem ao receber a mulher como um presente de Deus, disse: “Eis aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne...”. (Gen. 2,23).  São dois seres, o homem e a mulher, que se fundem num só: a célula familiar. Quando dois elementos se fundem, formam uma unidade indissolúvel. Portanto, podemos dizer que o casamento é um novo estado de vida formado pela fusão de dois elementos: a vida solitária do homem mais a vida solitária da mulher, dá o estado solidário em que a felicidade mútua é a tônica predominante. O casamento é para ambos serem felizes para sempre... e não para compartilhar sofrimentos.

Portanto, são propriedades essenciais desta fusão: a unidade e a indissolubilidade. Sem estes dois elementos a fusão não se opera, pois não passa de uma simples união, estável ou enquanto durar qualquer bobagem.

Surge, então, a lei fundamental referente ao casamento: “Por isso o homem (e a mulher) deixa seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher (ao seu marido) para formarem uma só carne” (Gen. 2,24).

O amor conjugal deve ser maior que o amor ao pai ou à mãe para poder fundir-se na célula familiar.

3– FINALIDADE: COABITAR NA ALEGRIA E PRODUZIR FRUTOS. O casamento tem finalidades que o definem e distinguem de contratos, instituições, estados de vida. É a união entre um homem e uma mulher com a mais nobre e sublime finalidade, entre todas as missões recebidas do Criador do Universo: colaborar com a criação para que o ser humano não se extinga da face da terra.

Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e os abençoou: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a...” (Gen. 1,28).

Quem pede a Deus a bênção dos filhos deve estar preparado para recebê-los, à semelhança do Criador que primeiro criou o paraíso para aí colocar o homem e a mulher.  O planejamento familiar é próprio de quem foi criado à semelhança de Deus: raciocina antes de fazer.


1.2  -   O “PLACET” = CONCORDÂNCIA DE CRISTO



Cristo não veio mudar as leis do Antigo Testamento que considera inspiradas por seu Pai, o criador do mundo, mas aperfeiçoá-las, torná-las compreensíveis. Em relação ao casamento, Jesus realçou em seus ensinamentos dois elementos básicos e essenciais que identificam os casamentos que são aprovados e abençoados por Deus:  

- A unidade do casamento: quando Deus abençoa, abençoa para sempre.

            - A indissolubilidade do casamento: não pode ficar ao sabor da maré.

Jesus saiu dali e foi para a região da Judéia e da Transjordânia. Pelo caminho a multidão voltou a segui-lo e, como era seu costume, de novo se pôs a ensiná-los: “no princípio da criação Deus os fez homem e mulher, por isso o homem deixará pai e mãe para unir-se à sua mulher, e os dois serão uma só carne . Assim, já não são dois, mas uma só carne.  Não separe, pois, o homem o que Deus uniu” (Marcos. 10,6). “Eu, porém, vos digo: Quem se divorciar de sua mulher, salvo em caso de ‘porneia’, e se casar com outra, comete adultério” (Mateus. 19,4).

O divórcio não recebeu o placet” de Cristo:

- “Também foi dito: Aquele que rejeitar a sua mulher, dê-lhe carta de repúdio (divórcio). Eu, porém, vos digo: Aquele que repudiar sua mulher expõe-na ao adultério e quem casar com a repudiada comete adultério também.”

Cristo trouxe a igualdade de direitos para homens e mulheres. As mulheres adúlteras eram apedrejadas... mas não consta que nenhum homem adúltero também fosse apedrejado.

SÍNTESE

Não poderemos falar de matrimônio sem nos reportarmos às passagens bíblicas que formam o direito matrimonial constitucional:

              1 – Deus criou o homem e a mulher e os abençoou: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a...”.(Gen. 1,28).

              2 – O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada”... E apresentou a mulher ao homem. (Gen. 2,18).

              3 – O homem ao receber aquela mulher, como um presente de Deus, disse: “Eis aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne...”. (Gen. 2,23)

              4 – Surge então a lei constitucional referente ao casamento: “Por isso o homem (e a mulher) deixa seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher (ao seu marido) para formarem uma só carne”. (Gen. 2,24).

5 – “Não lestes que no princípio o Criador os fez homem e mulher e disse: Por isso o homem deixará o pai e a mãe para unir-se à sua mulher, e os dois serão uma só carne? (Mt. 19,5). “Mas no princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará pai e mãe para unir-se à sua mulher, e os dois serão uma só carne” . Assim, já não são dois, mas uma só carne.  Não separe, pois, o homem o que Deus uniu”. (Mc. 10,7s).

Quando o homem encontra, através do namoro consciente, a carne de sua carne e o osso de seus ossos, não há, além da morte, tempestade que os separe. São como a casa construída sobre a rocha.

NOTA FINAL:

Ninguém quer errar na escolha, mas muita gente erra; ninguém quer partir a perna, mas muita gente parte. Por isso Cristo falou ninguém se separe a não ser em caso de “porneia”. Logo as exceções à lei geral existem: são casos de casamentos inválidos que devem ser declarados nulos pela autoridade competente.

O divórcio não recebeu o “placet” de Cristo porque era unilateral: só o homem podia dar a carta de divórcio e, pior, a seu bel prazer, sem direito a defesa. A injustiça era gritante.

Se você tem consciência de que Deus não abençoou o seu casamento, até porque não tem filhos dessa união, e não tem como ter acesso a um tribunal eclesiástico, por dinheiro, por afazeres ou por distância, sinta-se em paz se vive na fidelidade, na educação cristã dos filhos até que a morte os separe. Um bom orientador espiritual pode ajudar muito nestes casos. Um orientador despreparado pode ser a desgraça da sua família.

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