1 - EXISTE SAÍDA?
(RESPOSTA AO PROFESSOR HÄRING)
Trinta e quatro anos depois, chega-me às
mãos, já após a sua morte, o seguinte lamento do meu magnífico professor:
A presente situação exige de mim
como professor emérito de teologia moral,
depois de 50 anos de ensino e ministério
pastoral, que diga a minha palavra de alento, a última talvez, de
simpatia para com os separados, mas também de simpatia para com os bispos
e quantos atuam em tarefas pastorais. Talvez essa palavra de
encorajamento e simpatia faça parte de minha preparação imediata para a
morte, com a firme confiança na promessa do Senhor: Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (1)
Confesso que fiquei
extremamente sensibilizado e acordei de um sonho que durante os meus vinte e
sete anos de juiz do Tribunal Eclesiástico Regional do Rio de Janeiro, desde a
sua criação como Tribunal Regional (1975), embora com muitos e estranhos
pesadelos provocados propositalmente por outro ilustre professor e Vigário
Judicial, o Cônego Edgar Franca, que tantas vezes me repetia:
Preocupa-me saber que muitos fiéis
desconhecem a
existência dos Tribunais Eclesiásticos.
Preocupa-me
mais ainda o despreparo dos Tribunais
para os receberem, os ouvirem e lhes
fazerem justiça.
Quantas vidas marginalizadas, sofridas ou mortas porque não Ilhes abrimos as portas da
justiça ou o fizemos tarde demais. 2
Trabalhei arduamente ao lado do Cônego
Edgar Franca e de outros doutos Vigários Judiciais, como Mons. José Maria
Tapajós, Pe. Mário Magaldi, Côn. Manuel Tenório, Mons. Crescenti, Pe. José
Guimarães, Pe. Barra, Pe. Luís Madero e D. João Corso, mas minha preocupação
fundamental era dinamizar a justiça através da informatização e automatização
do Tribunal, pois estava, e continuo convencido, que justiça demorada é só meia
justiça.
Agora vem o professor Häring renovar minha
velha preocupação chorando à minha porta por tantos e tantos amigos, iguais a
tantos outros amigos meus, que sofrem e são pessoas maravilhosas, apenas
erraram na escolha:
São
pessoas iguais a nós, que sofreram mais do que nós, e
que certamente nos superam no vigor da sua fé, na capacidade
de resistência à dor, e no amor a uma Igreja que, por vezes,
não parece compreendê-los.3
Mas
o que mais mexeu
com a minha sensibilidade foi o desafio que ele me fez, e a todos os
canonistas, de modo especial aos Bispos Canonistas, de mostrar sabedoria e o
verdadeiro rosto:
Diante
do número cada vez maior de separações matrimoniais e do
sofrimento inexprimível dos que passam
por esta situação, a Igreja é chamada
a mostrar a sua sabedoria e o seu verdadeiro rosto.
(4)
Sim,
o desafio foi-me feito de modo direto porque a minha Igreja não é feita de
corações de pedra, mas de homens de coração de carne. E eu sou um deles. Grande
parte dos casamentos realizados nas igrejas são inválidos. E quem casou
invalidamente tem direito a contrair matrimônio válido, isto é, abençoado por
Deus. Um dos sinais da bênção de Deus são os filhos do casal. Os confessores,
melhor que os tribunais, podem ajudar a solucionar o problema dos casados na
igreja e recasados.
O prof.
Häring gostaria de ter ouvido de um Papa o que o Papa Francisco escreveu
recentemente: A igreja não pode ser uma Alfândega... a Comunhão Eucarística é
um presente de Deus Pai para quem precisa e não para quem merece. (ver meu
Editorial de Maio).
-------------------------------------------------------1- HÃRING, BERNHARD, Existe Saída? - Para uma Pastoral dos Divorciados, pág. 12. Edições Loyola, 2'.edição, São Paulo, Brasil 1995.
2. Conf. VASCONCELOS, ABÍLIO, Por que casou? Casou por quê? pág. 3. Livraria Nossa Senhora da Paz, Rio de Janeiro, Brasil
3. HÄRING, BERNHARD, Existe Saída? - Para uma Pastoral dos Divorciados, pág. 11. Edições Loyola, 2'. edição, São Paulo, Brasil, 1995.
4. HÁRING, BERNHARD, Existe Saída? - Para uma Pastoral dos Divorciados, pág. 10. Edições Loyola, 2'. edição, São Paulo, Brasil, 1995.
Que bom ouvir isto do Senhor, a primeira pessoa ungida de Cristo a me apresentar o Corpo de Cristo, já que ha muitos anos apenas comungo com o Corpo "Glorioso" de Cristo, pois estou a exatamente vinte e seis anos sem me fortalecer da Eucaristia, e sinto particularmente que por esta dor, passei a dar valor intensamente a Ele, e desde que fiz a minha primeira Comunhão, nunca deixei de participar ativamente da minha Igreja que tanto amo e sirvo com amor, porém no momento exato da Comunhão, me dá um vazio e uma tristeza muito grande por não fazer parte da mesa do Senhor e infelizmente, ultimamente tenho sentido um certo preconceito vindo do Sacerdote da minha Paróquia, que chegou a me dizer que eu não sou exemplo por não ter a Eucaristia, chorei muito e me perguntei: e minha vivência? E meu serviço árduo que presto a minha comunidade e mais uma vez digo, faço porque gosto e amo o que faço, me coloquei diante de uma questão; será mesmo que não valho nada por não poder comungar? Isto tem quinze dias aproximadamente e mexeu muito comigo, e no entanto peço tanto à Deus que aumente a minha fé, fiquei feliz por ter vindo do senhor essas palavras, que foram, sem dúvida, confortantes para mim, foi bom poder "falar" estou aliviada, tenho um grande carinho pelo senhor. Obrigada!
ResponderExcluir